O presente projecto foca-se num imóvel de acompanhamento inserido num conjunto urbano próximo do Campo de Santa Clara, onde se realiza a tradicional “Feira da Ladra”.
Trata-se de um edifício com duas frentes, sendo a principal voltada a sul. Tem um rés-do-chão mais 3 pisos e um piso em aproveitamento de sótão, com uma tipologia de trapeira de maior dimensão. Dispõe ainda de um pequeno espaço complementar do piso 4, num aproveitamento da restante cobertura. A fachada a Norte, voltada para o Beco do Mirante, apresenta apenas dois pisos e uma linguagem arquitectónica mais pobre do que a fachada principal voltada para a Rua do Mirante.
É um imóvel de construção pós-pombalina, com elementos de composição exterior e organização interior característicos dos edifícios dessa época. Os elementos interiores de semelhança pombalina incluem os rodapés das escadas, alguns compartimentos e lambrins em azulejo, tectos de saia e camisa e corrimãos e portas de patim.
O imóvel encontra-se degradado, motivado pela ausência de ocupação e de conservação regulares. Infelizmente, foi também alvo de diversos actos de vandalismo que fizeram desaparecer os painéis de azulejo quase na sua totalidade. Restam apenas dois compartimentos com paredes completamente revestidas que, pela sua composição e posição em que se encontram, fazem crer que não são originais. Com a intervenção projectada pretende-se manter todos os painéis que se encontrem inteiros e recolher todas as peças que ainda se possam reaproveitar para composições em locais a definir na fase de obra.
A intervenção destina-se a dotar o edifício de condições actuais de utilização, com espaços definidos de acordo com a vivência contemporânea de uma habitação. Da proposta resultam a criação de duas habitações T1 nos pisos 1 e 2, e duas habitações de tipologia T2 nos pisos 3 e 4. O Piso 4, à semelhança do que existe actualmente, mantém a utilização de um pequeno sótão no piso 5, como complemento da habitação.
As alterações propostas têm como princípio a manutenção das duas paredes transversais estruturais e pavimentos, assim como de todas as paredes exteriores e cobertura. As fachadas principal e de tardoz terão de ser sujeitas a obra de substituição integral de rebocos e pinturas, assim como a cobertura terá de ser integralmente substituída. Dado que a maioria dos materiais de revestimento interiores se encontra em estado irrecuperável, será também necessária a sua substituição por soluções idênticas.
Pela observação visual realizada sem recurso a instrumentação, considera-se que a estrutura de madeira do imóvel se encontra em condições de se manter, podendo ser reforçada através da utilização de técnicas construtivas e materiais idênticos aos existentes.
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